Mateus 15.7: “Eu lhes digo que,
da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do
que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se.”
Esse verso é apenas um fragmento
de uma resposta que Jesus deu a uma crítica que os religiosos fizeram sobre o
fato de Jesus está se relacionando com “pecadores”; assim como eles mesmos
disseram: “Este homem recebe pecadores e come com eles”. Jesus responde a essa crítica
manifestando a ideia de que ser aceito por Deus não é uma condição externa.
Como assim? Não se trata de certos comportamentos que definem se somos ou não
aceitos por Deus, mas de uma atitude interna, de uma atitude da alma de se
voltar para Deus na condição em que estamos.
Se você parar para observar o
contexto em que Jesus conta essa parábola, tal contexto mostra que os
publicanos e “pecadores” estavam se reunindo para ouvir Jesus e quando os
fariseus e os mestres da lei perceberam isso, começaram a criticar Jesus. Se
eles criticaram Jesus por ele está se relacionando com pecadores é porque eles
mesmos já se consideravam “justos” e a ideia de justiça na mente deles era
provavelmente como diz o salmo 1: “ não imita a conduta dos pecadores, nem se
assenta na roda dos escarnecedores”, coisa que Jesus estava fazendo aqui. Só
abrindo rapidamente um parêntese: talvez você poderia pensar que a Bíblia se
contradiz, talvez só por esse exemplo, mas sabemos que devemos entender os
textos a partir de Jesus, pois Ele é única Interpretação precisa que temos para
compreender o que está escrito.
Então poderíamos pensar que Jesus
estava desobedecendo a Lei de Deus, mas a verdade é que Jesus estava cumprindo
a Lei no seu verdadeiro sentido e não no sentido da religião. Se nos
considerarmos “justos” porque nos comportamos de uma maneira e não de outra,
não importa o tipo de comportamento que possamos evidenciar aos olhos de Deus
nenhum ser humano é “bom” o suficiente para ser aceito por Ele só porque cumpre
um conjunto de regras interpretadas por ele mesmo e que as chama de “regras
santas”, mostrando assim que é puro ou santo, e aqueles que não seguem essas
regras são considerados “pecadores”.
A ideia desta parábola de Jesus
não é a quantidade. Não importa se eram cem menos um ou mil menos um; o
pensamento aqui é que ninguém pode se considerar justo se essa justiça não vier
de Deus, pois é Deus quem resgata a ovelha. Aqueles que se consideravam
“justos” eram aqueles que não precisavam se arrepender como Jesus disse: “por
noventa e nove justos que não precisam arrepender-se”. Jesus faz essa analogia
aos fariseus e mestres da lei que não precisavam se arrepender, pois já se
consideravam justos definitivamente ao ponto de criticar o comportamento de
Jesus. Então a ideia de ser aceito por Deus é assumir o mesmo comportamento do
publicano em outra parábola que Jesus contou quando ele disse: “Mas o publicano
ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia”:
‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’.
Como nossa justiça vem Deus,
então já somos injustos por natureza, e não serão nossas ações que nos farão
justos. Então como podemos nos considerar justos? Desta forma ou somos noventa
e nove injustos ou somos aquele que reconhece a própria condição de perdido e se
deixa ser achado pela Graça que o faz justo. (Ian)