domingo, 1 de fevereiro de 2015

99 injustos


Mateus 15.7: “Eu lhes digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se.”

Esse verso é apenas um fragmento de uma resposta que Jesus deu a uma crítica que os religiosos fizeram sobre o fato de Jesus está se relacionando com “pecadores”; assim como eles mesmos disseram: “Este homem recebe pecadores e come com eles”. Jesus responde a essa crítica manifestando a ideia de que ser aceito por Deus não é uma condição externa. Como assim? Não se trata de certos comportamentos que definem se somos ou não aceitos por Deus, mas de uma atitude interna, de uma atitude da alma de se voltar para Deus na condição em que estamos. 


Se você parar para observar o contexto em que Jesus conta essa parábola, tal contexto mostra que os publicanos e “pecadores” estavam se reunindo para ouvir Jesus e quando os fariseus e os mestres da lei perceberam isso, começaram a criticar Jesus. Se eles criticaram Jesus por ele está se relacionando com pecadores é porque eles mesmos já se consideravam “justos” e a ideia de justiça na mente deles era provavelmente como diz o salmo 1: “ não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”, coisa que Jesus estava fazendo aqui. Só abrindo rapidamente um parêntese: talvez você poderia pensar que a Bíblia se contradiz, talvez só por esse exemplo, mas sabemos que devemos entender os textos a partir de Jesus, pois Ele é única Interpretação precisa que temos para compreender o que está escrito.

Então poderíamos pensar que Jesus estava desobedecendo a Lei de Deus, mas a verdade é que Jesus estava cumprindo a Lei no seu verdadeiro sentido e não no sentido da religião. Se nos considerarmos “justos” porque nos comportamos de uma maneira e não de outra, não importa o tipo de comportamento que possamos evidenciar aos olhos de Deus nenhum ser humano é “bom” o suficiente para ser aceito por Ele só porque cumpre um conjunto de regras interpretadas por ele mesmo e que as chama de “regras santas”, mostrando assim que é puro ou santo, e aqueles que não seguem essas regras são considerados “pecadores”.

A ideia desta parábola de Jesus não é a quantidade. Não importa se eram cem menos um ou mil menos um; o pensamento aqui é que ninguém pode se considerar justo se essa justiça não vier de Deus, pois é Deus quem resgata a ovelha. Aqueles que se consideravam “justos” eram aqueles que não precisavam se arrepender como Jesus disse: “por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se”. Jesus faz essa analogia aos fariseus e mestres da lei que não precisavam se arrepender, pois já se consideravam justos definitivamente ao ponto de criticar o comportamento de Jesus. Então a ideia de ser aceito por Deus é assumir o mesmo comportamento do publicano em outra parábola que Jesus contou quando ele disse: “Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia”: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’.

Como nossa justiça vem Deus, então já somos injustos por natureza, e não serão nossas ações que nos farão justos. Então como podemos nos considerar justos? Desta forma ou somos noventa e nove injustos ou somos aquele que reconhece a própria condição de perdido e se deixa ser achado pela Graça que o faz justo. (Ian)

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